Competição entre Masters prova que com a idade, bons surfistas seguem surfando bem e ficam muito mais camaradas!
Infelizmente não pude estar presente em Torres, RS, para matar a saudade das competições e tampouco dos amigos que fiz ao longo de tantos anos de surfe! Fiquei grudado na telinha do computador, de olho na transmissão do campeonato, torcendo, babando e me doendo de não estar lá.
O que se viu em Torres, foi o desfecho de uma novela que iniciou lá em 2020. Os organizadores criaram este circuito master, que aconteceria ainda no ano passado, mas por conta da pandemia de Covid-19, a primeira etapa em Torres, teve que ir sendo transferida até finalmente receber o OK da prefeitura e do governo estadual, para que se realizasse neste final de fevereiro, vários meses depois da data pretendida. Mas a pontuação ainda vale para o ranking de 2020. Já no próximo final de semana rola a próxima etapa em Itajaí, SC.
Duas coisas me surpreenderam positivamente neste evento. A primeira, foi perceber que a estrutura não era grande. Pelo que pude ver nas imagens do YouTube, havia o necessário para que a competição rolasse com razoável qualidade: uma equipe técnica competente, abrigo com sombra para todos, sistema computadorizado de notas, placar luminoso indicando a prioridade e um sistema de streaming de vídeo para permitir que quem não pudesse estar no local, ao menos conseguisse acompanhar o evento à distância.
Quando elogio o fato de a estrutura não ser grande é porque tenho convicção de que um dos fatores que torna campeonatos de surfe difíceis de realizar hoje em dia, é justamente o custo de uma estrutura faraônica. Centro técnico gigante, área VIP luxuosa, sistema de som de fazer inveja a grandes shows e por aí vai. Os organizadores (e até os surfistas) esquecem que o propósito dos eventos locais e regionais é justamente proporcionar uma “escada” para que os atletas consigam chegar preparados para os grandes eventos nacionais e internacionais.
A segunda coisa que gostei no que pude ver na transmissão, foi o nível de surfe da maioria dos masters. Em alguns casos, de fazer cair o queixo. O desempenho do Jihad Khodr na final Master, me lembrou dele nos tempos de CT. Sério, Jihad destruiu as direitas com velocidade e verticalidade impressionantes. Jojó, Piu Pereira e Fabinho Gouveia surfaram como sempre e também moeram as ondas dos Molhes de Torres. Mas bairrismo à parte, preciso puxar a brasa pro assado do meu conterrâneo Rodrigo “Pedra” Dornelles, vencedor de duas categorias (Gran Master e Kahuna). Pedra foi o mais veloz, mais fluido, mais radical e apresentou a melhor linha de surfe (como sempre). Ele me fez lembrar dos seus tempos de Circuito Mundial, com aquele jeitinho quieto, sorriso fácil, parecendo que vai chegar na bateria e ser uma presa fácil para os oponentes. Nada! Na hora que a sirene toca, ele se transforma e literalmente atropela. Se você acha que eu estou exagerando, assista o replay do dia final (está disponível no YouTube).
E tem mais uma coisa muito legal que eu preciso comentar: que astral fantástico! Quando este circuito Master foi criado, os organizadores criaram um grupo de Whatsapp e foram colocando todos os masters ali. Eu estou no grupo desde o início. Que coisa fantástica o clima de amizade que se formou em torno deste evento! Estou convivendo com meus ídolos, velhos amigos e novos amigos diariamente. E se tivesse ido à Torres, tenho certeza que teria confirmado a atmosfera de camaradagem na prática!
No final das contas, o que o surfe nos proporciona além da diversão de correr ondas, são as amizades que construímos ao longo do caminho. Eventos Master, são a confirmação, a celebração daquilo que sempre dissemos mas as vezes temos alguma dificuldade de confirmar: que o surfe, muito mais do que um esporte, é um estilo de vida, uma forma de celebrar a vida!
Por mais encontros com velhos e novos amigos! Até a próxima!
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