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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Yago iluminado, Sophia e Sol em grande dia, Cauã absoluto. Show de surf nas finais em Saquarema.

Atualizado: 22 de nov. de 2021


O Saquarema Surf Festival trouxe de volta a união de inúmeras modalidades disputadas em uma única janela de um único campeonato, perfil de competição que reúne toda a comunidade do surfe e fortalece a cultura do esporte, parabéns aos organizadores, foi um evento lindo de assistir.

Para deixar a comunidade do surfe ainda mais rica de informações e conhecimento, tivemos a honra de ver à frente dos microfones da transmissão pela web duas das maiores lendas do surfe brasileiro, se não as duas maiores. Teco Padaratz e Fábio Gouveia, brasileiros que abriram as portas do circuito mundial e fizeram as gerações seguintes acreditarem que era sim possível disputar, vencer e viver do tour, a aquela época predominantemente dominado por australianos e americanos. Teco e Fia se uniram ao competentíssimo Bruno Bocayuva e fizeram uma transmissão de altíssimo nível de informações e conhecimento, não apenas daquilo que víamos na água, mas também sobre a história daquilo que víamos, vimos os caras que fizeram história inseridos na construção de novas histórias, algo que foi visto poucas vezes em campeonatos aqui no Brasil, Parabéns Legends, parabéns Bruno.


Cauã Costa - Foto: Tony D`Andrea

Na água jovens promessas se alternavam no comando do show, no Pro Junior além dos finalistas Cauã Costa e Ryan Kainalo, o local Daniel Templar também nos fez acreditar que a geração Brazilian Storm será substituída a altura. Na bateria final o confronto foi sem sobra de dúvidas entre os dois mais consistentes surfistas da competição, na guerra da progressividade do Ryan contra o power surf do Cauã a força venceu, o surfe de Cauã estava perfeitamente adaptado as ondas de Saquarema, o cearence abusou de pauladas de fundo de prancha, desgarradas de rabetas e fortes ataques às junções, sempre jogando muita água, combinação de fundamentos que deixou Ryan Kainalo precisando de uma combinação de notas, Cauã somou 8.17+9.17, o campeão ainda descartou 8.10 e 7.33, ele foi tão superior que venceria a bateria ainda que somasse suas notas de descarte. Parabéns Cauã, foi absoluto, fez o melhor somatório do evento Pro Junior justamente na final, coisa para poucos, Parabéns também Ryan, finalista indiscutivelmente.

Entre as meninas, na categoria Pro Junior a peruana Sol Aguirre venceu a competição virando a bateria do meio para a frente, sua adversaria foi Laura Raupp, campeã do QS 1000 em Florianópolis, Sol estava encaixada na vala, além da campeã do último QS, ela venceu na semifinal ninguém menos que a grande campeã do QS em Saquarema, a brasileira Sophia Medina, a única dentre todas as surfistas mulheres das duas categorias a vencer Sophia, podemos dizer que Sol Aguirre teve duas vitorias neste domingo, ela quebrou.


Sophia Medina - Foto: Flor Yanez

Se no confronto entre Brasil e Peru na categoria Pro Junior feminina deu Peru, no evento principal Sophia Medina não deu chances a peruana Daniella Rosas, a brasileira foi superior durante toda a bateria, a nota de backup de Sophia 6.70, foi melhor do que a melhor nota da peruana, 6.67. Sophia entrou no modo de competição bem similar ao do seu irmão, bastante ativa dentro d´água, trocando notas, crescendo a confiança e vibrando muito na finalização de suas ondas, ela estava tão confiante que ao soar a buzina ainda tinha uma nota para entrar de Daniella Rosas, antes mesmo dessa nota sair ela já comemorava a vitória, que acabou se confirmando, Sophia é uma competidora aguerrida, passou todas as suas baterias na primeira posição, agora ela assumiu a liderança do ranking latino americano, veja aqui.

No Longboard o americano Toni Silvagni e a brasileira Chloe Calmon venceram respectivamente Rodrigo Sphaier e Maria Fernanda Reyes, disputas que aconteceram na quinta 18/11.


Yago Dora - Foto: Surfmappers Zerodoiszoom

A competição mais esperada dentro do Festival foi o QS, grandes nomes como Mateus Herdy, Alejo Muniz, Samuel Pupo e os finalistas do QS de Florianópolis Michael Rodrigues e Eduardo Motta, ficaram pelo meio do caminho logo em suas primeiras baterias, nessa competição ainda teve um resurf entre Santiago Muniz e Jessé Mendes em virtude de um erro de julgamento de prioridade, esse resurf inverteu o surfista classificado, na disputa original Jesse passava, no resurf Santiago Muniz levou a melhor.


Yago Dora - Foto: Tony D`Andrea

Na reta final o show foi de Yago Dora, Yago já vinha sendo o melhor surfista durante o evento fazendo baterias sempre na casa dos 15 pontos ou acima, mas ao encontrar Alex Ribeiro na semifinal, o jovem talento paranaense elevou o nível ao máximo, impondo a Alex, seu ex companheiro no CT a derrota mais amarga da competição. Yago se divertia ao variar absurdamente em suas decolagens e pousos, assim como em seus laybacks, ele parecia perseguir a perfeição ao somar 19.23 de 20.00 pontos possíveis, enquanto isso Alex assistia de frente o único 10 do evento, Yago abriu com um alleyoop e finalizou a onda com um reverse, à àquela altura com Yago já somando 18 pontos altos, imagino que o psicológico de Alex já estava completamente derrotado, qualquer um estaria, com o 10 de Yago sobrou para Alex realizar a mágica de fazer uma bateria perfeita, só isso o salvaria da maior combinação da competição, mas quem fez magica hoje foi Yago Dora, ficou impossível para Alex virar, o paulista se despediu da competição na 3ª colocação. Essa foi só a primeira comb que Yago encostou na praia.

Na outra semifinal João Chianca venceu o bom baiano Marcos Fernandez, embora Fernandez tenha feito a melhor nota da bateria em uma onda com três manobras grandes, entrando a toda velocidade na junção, recebendo um 8.43, ele não achou uma boa onda de backup. Chianca que tinha duas boas notas, avançou para encontrar o iluminado Yago na final.


Ao soar a sirene da grande final João Chianca começou a bateria impondo a Yago uma combinação de 15 pontos, ele estava extremamente ativo pegando uma onda atrás da outra enquanto Yago esperava a boa, assim como o Cauã na final do Pro Junior, Chianca usou muita borda, inverteu direção, atacou junções, parecia que a competição caminhava para a vitória do local hero, mas quando Yago acertou seu primeiro aéreo foi um caminho sem volta para a vitória, na onda seguinte com um layback na saída e outro na junção ele marcou 9.17, poucos minutos depois de backside, Yago voou em uma de suas inúmeras variações de aéreo e determinou sua vitória no Saquarema Surf Festival, marcando 9.80 em sua onda, somando 18.97, a segunda maior somatória da competição, perdendo apenas para ele mesmo, ao soar a sirene para o final da bateria, Yago encostou a segunda comb na praia de Itaúna.


Yago Dora e Sophia Medina - Campeões do QS | Foto: Thiago Diz

Yago Dora mostrou porque está no seleto grupo dos 10 melhores surfistas do mundo, ele voou variadamente, fez high scores manobrando, usou borda, fundo de prancha, mostrou as quilhas e teve paciência para reverter um início adverso na final, não se importando com seus adversários, e, caso alguém recorra ao argumento raso de que ele enfrentou surfistas de QS, devo lembrar o seguinte: Alí mesmo em Saquarema na etapa da elite em 2017, surfando como convidado, Yago mandou nada menos que três campeões mundiais para casa, John John Florence, Gabriel Medina e Mick Fanning, é bom respeitar o cara, ele caminha a passos largos para se tornar um dos maiores protagonistas do surfe mundial, o bichinho da competição mordeu ele e agora o céu é o limite.

Parabéns Yago Dora pela vitória maiúscula, parabéns ao João Chianca, muito possivelmente novo integrante da elite do surfe mundial em 2022, Parabéns ao surfe brasileiro, que apesar da ingerência da CBSurf continua produzindo novos talentos como Ryan Kainalo, Cauã Costa, Daniel Templar, Laura Raupp, Sophia Medina e muitos outros.

Próxima quinta abre a janela em Haleiwa, etapa final do Challenger Series, João Chianca, Samuel Pupo, Lucas Silveira e Mateus Herdy, têm grandes chances de se classificarem para a elite, vamos torcer.

Até lá!



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