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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Portugal chega nos rounds finais e a porta de entrada para o corte já está aberta para muita gente.

Atualizado: 13 de mar. de 2023

Por: Marcos Aurélio Chagas.

Enfim, chegamos à metade da terceira etapa da Liga Mundial de Surf, em Peniche, Portugal. Depois de muitos lay days, dias com competição picada, começou, On Hold, voltou, termina o dia sem terminar a fase, enfim, hoje encerrou-se o Round32 no masculino e o Round16 no feminino.

Callum Robson - Foto: Damien Poullenot

Ainda não tivemos grandes espetáculos em Portugal, a exceção foi o diamante encontrado por Callum Robson em um tubo limpo, deep, que rendeu ao australiano um 10 unanime, o primeiro da temporada, essa exceção se torna ainda maior, pelo fato de Callum ter achado esse diamante em uma bateria onde o maior caçador de ondas do circuito estava competindo, o tricampeão Gabriel Medina.


Sophie McCulloch - Foto: Thiago Diz

Entre as meninas, uma verdadeira hecatombe aconteceu, a bicampeã mundial Tyler Wright e a sempre candidata a título mundial Lakey Peterson, foram as duas primeiras mulheres a perder em Portugal, elas ficaram no Elimination, na sequência, a dona da bagaça toda, a octacampeã Stephanie Gilmore, acompanhada da pentacampeã Carissa Moore e também da promessa Caroline Marks “Occhilupo”, foram eliminadas no Round16, Carissa e Caroline já venceram na onda de Supertubos, em 2010 e 2019 respectivamente. Das oito surfistas classificadas para as quartas de final feminina, apenas três delas são surfistas com carreiras solidas, Sally Fitzgibbons, Courtney Conlogue e Tatiana Weston-Webb, outras cinco, são novatas ou convidadas, o que dá indícios de início de uma troca de guarda no surfe feminino, veja aqui as baterias das quartas de final da categoria.


Em Peniche a ordem natural das coisas se inverteram, não apenas no feminino. Imagine se seria razoável pensar em um Round16 sem as presenças de Filipe Toledo, John John Florence, Kanoa Igarashi, Jordy Smith e Kelly Slater? Acho que não! Sem um ou dois deles tudo bem, mas sem todos eles, seria difícil acreditar, mas em Portugal 2023 isso está acontecendo. Kanoa Igarashi é um surfista extremamente competitivo, um nome que está sempre frequentando com absurda consistência, as quartas de final dos campeonatos, John John, Filipe e Kelly já venceram e já fizeram outras finais ali, Jordy Smith apesar de nunca ter vencido, já fez três finais em Peniche, 2010, 2014 e 2018, perdendo para Kelly, Mick e Ítalo respectivamente, sim, Jordy também é um especialista naquela onda, mas, assim como todos os outros, ele terá que adiantar seu voo para a perna australiana.

Filipe estava com o surf um pouco arrastado, perdeu para Juan Duru, que admitiu na entrevista saber que Filipe surfa vinte vezes mais que ele, mas que naquelas condições tudo era possível, e foi. Kelly sucumbiu diante de um Chumbinho explosivo, Jordy e John John pareciam entediados com o mar, e isso fala muito sobre suas derrotas, sempre que há um perdedor, há um vencedor, uma vez vi o Graham Smith, pai do Jordy dizer: “Nunca pense que você é bom o suficiente, sempre haverá garotos mais jovens, com menos conquistas, menos talento e com mais vontade de vencer”, sem querer desmerecer o Rayan Callinan e o Rio Waida, algozes de Jordy e John John, essa frase resume o sentimento e a percepção que tive sobre as baterias do sul-africano e do havaiano.


Caio Ibelli - Foto: Damien Poullenot

Caio, Samuel, Ítalo, Yago e Gabriel são os brasileiros que continuam vivos na competição, confrontos interessantíssimos acontecerão no Round16 masculino, vaja aqui todos eles. Ítalo e Yago me causa muita expectativa, Yago terá a chance de empatar o jogo com Ítalo, já que no confronto direto o potiguar está com o placar de 2x1 sobre o paranaense, esse é um confronto do contraditório, Ítalo é fogo, com sua energia infindável, seu surfe explosivo e a impetuosidade que lhe é característica. Yago é água, com seu surfe elaborado, estilo refinado, movimentos coordenados, personalidade serena e tranquilidade nas ações, vamos ver se trinta minutos serão suficientes para a água apagar o fogo, eu não sou capaz de arriscar uma opinião sobre esse confronto. Além deste, Ethan Ewing e João Chianca entram na água para mais um confronto entre contraditórios, dois estilos de surfe completamente diferentes, que não nos permite ousar um palpite, para completar a série dos confrontos mais interessantes, Gabriel Medina e Griffin Colapinto fecham o Round16, apesar de ter vantagem no confronto direto, Gabriel deve estar com Griffin entalado na garganta, nos dois últimos, o americano venceu, um deles foi na etapa de Sunset, que antecedeu a Portugal, vamos ver se Griffin coloca Gabriel na freguesia, ou se Gabriel aproveita a superioridade natural que um tricampeão impõe aos mais jovens. Isso tudo deve acontecer amanhã.


Carlos Muñoz - Foto: Damien Poullenot

Portugal é a porta de entrada para o corte, depois dessa etapa, aqueles que estão na ponta de baixo do ranking, começam a sentir a pressão da queda. Kolohe Andino, Jake Marshall, Jackson Baker, Michael Rodrigues, Carlos Muñoz, Ezekiel Lau e Maxime Huscenot, estão abaixo da linha de corte, e todos eles já foram eliminados em Peniche, arrisco a dizer que Lau e Huscenot já caíram, atualmente eles ocupam a 31ª posição do ranking, é difícil acreditar que esses caras tirem uma diferença que ao final do campeonato deve ser superior a três mil pontos, diferença que os separam da linha de corte, levando em consideração que nas três primeiras competições eles somaram apenas 1860 pontos, só um verdadeiro milagre pode salvar esses dois, sinto pelo Huscenot.


Kelly Slater - Foto: Thiago Diz

Por falar em corte, Kelly se posicionou sobre ele, em uma quase coletiva de imprensa não programada, que o careca deu após sair de uma seção de free surf em Supertubos. Perguntado o que ele achava do corte, o GOAT disse: “Todos sabem que estão tentando tornar o CT em um circuito eficiente, que faça dinheiro” mais adiante o GOAT continua, “Não gosto deste modelo, se seu surfe é bom e consegue entrar no CT, então deve ter a chance de fazer um ano inteiro” conclui o Careca. Kelly também se mostrou contra o formato que está definindo o campeão mundial, o WSL Finals.

Insatisfações à parte, o corte continua, e esse ano, Kelly não está muito distante dele, três caras que separam o GOAT do famigerado corte, Ryan Callinan, Rio Waida e Ian Gentil, continuam vivos na competição, por hora, eles são suas ameaças diretas, contudo, recentemente, Kelly fez um tour pela área dos competidores em seu Instagram, onde ele diz: "O ano pra mim já deu, posso ter terminado para sempre aqui em Portugal, quem sabe, veremos". Essa seria uma carta na manga, uma alternativa ao risco do corte, aguardemos.

Amanhã a chamada será às 3:30 da manhã no horário de Brasília, se a competição entrar na água, Caio Ibelli e Connor O´Leary farão a primeira disputa do dia, fiquem atentos, até lá.

Aloha!






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