Depois do primeiro day off, o quarto dia de surfe em Margaret River começou com os melhores surfistas do mundo disputando suas baterias em sistema de overlapping heat, o mar baixou consideravelmente e nem de longe lembrava os dias anteriores de competição.
O dia começou com o havaiano John John Florence, o mais perigoso surfista naquele lineup, vencendo o brasileiro Peterson Crisanto, John John não foi genial como costuma ser naquelas ondas, não achou os tubos, não variou muito em seus laybacks, mas fez o suficiente para avançar, ele tem química com a onda.
Ainda com a bateria do havaiano na agua, Griffin Colapinto entrou dominando em sua disputa contra o aparente entediado Jeremy Flores, o americano rabetou, usou progressividade, entrou nas junções e saiu do mar depois de 45 minutos sem ser ameaçado por Jeremy em momento algum.
Jordy e Julian fizeram a bateria dos eternos possíveis campeões mundiais, um confronto de medias baixas, com dois caras lentos no lineup, dois caras que nem de longe lembram suas melhores formas, parecem um pouco cansados do tour. Julian se manteve na frente o tempo inteiro, então faltando 10 segundos para o final, Jordy inclusive já havia cumprimentado Julian pela vitória, quando pegou uma esquerda para sair e percebeu que ali tinha duas manobras, ele fez as duas manobras e virou a bateria literalmente no soar da sirene, Julian, que durante toda sua carreira virou inúmeras baterias assim, parece ter sentido o dissabor de quem está do outro lado, já fora do mar, ele parecia perdido em seus pensamentos, sua leitura corporal denunciava um certo desanimo, não me surpreenderia se até o final da temporada ele anunciasse sua retirada da tour, ele perdeu os olhos atentos do tigre que procura a caça.
Já Ryan Callinan nunca teve aquele olhar do predador, mas em Margaret ele está se impondo como um dos candidatos a título, ele tem feito um surf bastante consistente para as direitas, abusando da verticalidade que surfar de costas proporciona. Callinan não deu chances a um kikas que não acertava nada, aliás, Kikas não foi o único a não acertar nada ontem em Margaret. O Bicampeão Gabriel Medina entrou na água na bateria seguinte, logo em sua primeira onda ele levou uma vaca animal ao remar literalmente embaixo de Seth Moniz, a vaca saiu barato para ele, a WSL poderia ter aplicado uma interferência se quisesse, esse foi apenas um prenuncio de uma das piores baterias que Gabriel Medina já fez na carreira, se não a pior.
Ao voltar para o lineup Gabriel assumiu a ponta logo na onda seguinte, ele achou uma fechadeira que conseguiu encaixar duas manobras e anotar 6.00 pontos, daí em diante as ondas do bicampeão foram verdadeiros festivais de erros, com a prioridade na mão Gabriel entrou em uma onda péssima, saindo logo após o drop, na onda seguinte, McGillivray que estava no lineup em outra bateria veio na boa, Gabriel derrapava nas escolhas, nos bottons, nos lips, a bateria acabou e o brasileiro não conseguiu achar uma onda de 3.84, perdendo um confronto nivelado por baixo, Seth Moniz perderia qualquer outra bateria do dia, mas pegou um Gabriel completamente desconectado com o ambiente, o Oeste Australiano continua sendo um desafio para Gabriel Medina.
Já para Ítalo, o dia de ontem foi um passeio, ele entrou elétrico como sempre, pegou oito ondas, fez a maior média do dia, trouxe os aéreos de volta para o jogo e despachou Caio Ibelli de combi, Ítalo viu a porta aberta que Gabriel deixou e agora ele vai com tudo para a final na tentativa de recuperar a lycra amarela, mas a missão de Ítalo não é fácil, ele precisa vencer a competição.
Na bateria seguinte, em um novo duelo entre brasileiros, Filipe Toledo superou Jadson Andre em um confronto também nivelado por baixo, sem grandes momentos, Filipe aparenta estar um pouco mais lento e Jadson continua vendo suas boas manobras sendo pouco valorizadas em virtude de seus link picados, enquanto ele não corrigir essa deficiência, a possibilidade de boas notas para ele serão sempre minadas, o que é uma pena.
Na sequência as meninas entraram na agua para fazerem as melhores notas do dia, Tatiana Weston-Webb domou a fera Tyler Wright fazendo um 9.23 e Stephanie Gilmore voltou a desfilar toda sua elegância e classe em um 9.50 contra Sally Fitzgbons.
Com a derrota de Gabriel, Ítalo certamente vai buscar o título da etapa, John John tem o melhor retrospecto naquela onda, Filipe vem avançando discretamente, Callinan vem sendo o mais consistente e tudo pode acontecer, inclusive o Colapinto.
Hoje provavelmente será day off, amanhã tem boas chances da competição terminar, contudo fiquem atentos para a chamada de hoje, a imprevisibilidade das condições podem te pegar de surpresa, e você não vai querer perder o dia final.
Aloha.
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