Acabou nessa madrugada de segunda 14/09 o Tweed Coast Pro, o primeiro de três eventos que acontecerão na Austrália com janela prevista para terminar até 31 de outubro.
Esse evento aconteceu em Tweed Heads, mais precisamente na praia de Cabarita, contou com os principais nomes do surfe australiano e ainda com o Matthew McGillivray, único não australiano na competição, surfista sul africano que ingressará na elite assim que o tour voltar.
O Evento começou no sábado para nós aqui no Brasil, domingo 13 na Austrália, o primeiro dia parecia um aquecimento, acima da média realmente apenas o Ethan Ewing, que escovou o Capitão Caverna Wade Carmichael no round eliminatório, e também mais um aparecimento de tubarão em um line up australiano, que parou a competição por volta de dez minutos, embora esteja havendo muitos aparecimentos de tubarões no litoral australiano, nunca é demais lembrar que eles estão em seu habitat natural, não nós surfistas.
Superado o aparecimento do local máximo, a cena mais icônica do primeiro dia foi o protesto solitário e prolongado de Tyler Wright, a bicampeã mundial ajoelhou-se na areia, ergueu seu punho direito enquanto exibia sua prancha com a frase “ Black Lives Matter”, por sete longos minutos, mais exatamente por 431 segundos, em um protesto pelas vidas negras e pelos aborígenes australianos, embora tenha perdido quase um terço do confronto, Tyler venceu a bateria e ganhou muitos pontos no quesito atitude.
No segundo dia a competição começou com as meninas veteranas vencendo as meninas mais jovens, mas quem quebrou a vala realmente foi a Tyler Wright, ao vencer a não mais tão jovem, mas sempre competitiva Sally Fitzgibbons, Tyler parecia um trator, passou por Sally e depois por Nikki Van Dijk para encontrar a rainha da elegância, simpatia e beleza Stephanie Gilmore na final.
A categoria masculina entrou na água com o confronto dos caras sem adesivo de bico, Connor O´Leary venceu Ace Buchan surfando a primeira esquerda da competição, no confronto seguinte Owen Wright começou bem ativo, mas sempre surfando na casa dos 6.0 pontos, seu adversário Ethan Ewing imprimiu melhor ritmo, acertou o pé e impôs notas sempre acima de 7.0 pontos, se dando ao luxo de descartar um 7.10, nota melhor que a maior nota de Owen, um 6.47, caiu o cara que surfava com a lycra amarela na competição.
O surf de borda vinha sendo a tônica no dia final, mas ao entrar na água contra Julian Wilson, o tuberider Jack Robinson trouxe a progressividade para o jogo, embora Julian nem sempre entre na água munido de seu melhor surfe, ele sempre entra munido de suas melhores estratégias, e quase sempre consegue induzir seus adversários ao erro, com o Jack não foi diferente, ao vender para ele um peixe morto disfarçado de onda, para sorte do Jack foi no meio da bateria, más em baterias contra o Julian seus adversários só conseguem respirar aliviados depois que a sirene toca, a onda sempre vem nos segundos finais para ele, a nota também, porém, embora a onda tenha vindo, dessa vez o Julian não conseguiu virar, afinal Jack não é brasileiro, ainda assim, contra o Julian nada é fácil, as vezes até depois da sirene tocar é difícil respirar, o veterano precisava de 7.07 e cinco minutos depois da sirene soar, em uma decisão digna de roteiro do melhor filme de suspense, ele recebeu 6.73 em sua última onda, dando adeus ao evento. Jack Robinson provavelmente viveu os cinco minutos mais longos de sua carreira, e os juízes fizeram o mestre Alfred Hitchcock parecer um roteirista de humor.
Ao vencer o Julian, Jack Robinson concretizava a terceira vitoria de um garoto sobre um veterano, antes do Julian já haviam caído Ace Buchan e Owen Wright, vitimas de Connor O´Leary e Ethan Ewing respectivamente, sinalizando uma clara troca de guarda no surfe australiano.
As semifinais entraram na água com Ethan impossivel, ele não deu a menor chance para o Connor, no confronto dos rookies Jack Robinson vinha dominando toda a bateria, sempre executando grandes aéreos, más já no final o sul africano Matthew virou com um aéreo e uma rasgada invertendo tudo, vencendo a bateria que lhe qualificava para enfrentar Ethan na final.
Os três rookies da WSL competiram nesse evento, Morgan Cibilic, Jack Robinson e Matthew McGilivray, e confirmando aquilo que havíamos falado em nosso programa sobre os estreantes, Matthew da sinais de ser o mais competitivo dos três, aguardemos o inicio do tour para confirmar.
A Final feminina entrou na água premiando a melhor surfista de toda a competição, o nome dela? Tyler Wright! Não se pode negar, a agressividade de Tyler foi superior a toda elegância de Stheph, isso ficou claro no confronto direto, a bicampeã mundial parece que está voltando ainda melhor, não podemos dizer que está havendo uma troca de guarda no surfe feminino australiano como está havendo no masculino, más sim, existe uma alternância nítida no favoritismo, Tyler foi favorita por todo o evento.
A final masculina começou com o Ethan caindo e o Matthew sempre dentro de sua estratégia de alcançar 7.0 pontos logo de cara, más a história mudou rapidamente, só não conseguimos explicar melhor porque a WSL conseguiu a proeza de sumir com a imagem por cerca de sete minutos, nesse ínterim o Ethan fez a melhor onda do confronto, um 9.77, em uma onda que ninguém além daqueles que estavam na praia viu ao vivo, no chat só era possível ler “my screen is black”, ao retornar com as imagens vimos o 8.83 do Ethan, colocando o Matthew em combinação, e no RECAP só conseguimos ver metade da melhor onda, já que boa parte dela a WSL mostrou por trás, mas mesmo não vendo a bateria final por inteiro, foi possível ver que venceu não somente o melhor surfista da final e sim o cara que mostrou surfe de campeão desde a primeira bateria, esse cara foi o Ethan Ewing.
Ethan mostrou nessa competição que está pronto para voltar ao CT como a grande resposta australiana, Ricardo Tatuí já havia dito isso no programa da Vision que trata dos caras que retornam ao CT, e obviamente nós concordamos com o legend, não dá para dizer ainda se ele vai brigar por títulos, mas dá para dizer sem margem de erro que Ethan será o surfe mais bonito de ver no tour, que estilo, que approach, espero que a tão propagada semelhança com Andy não seja apenas no estilo, o garoto amadureceu bastante desde sua primeira passagem pelo tour, mostrou que está competindo com maturidade, desfilou com estilo nas “water lines” em Tweed Heads, e ao final deixou o melhor rookie da competição em comb.
Parabéns Ethan, indiscutivelmente o melhor do início ao fim.
Próxima sexta, dia 18/09, é dia dos brasileiros entrarem na água, até lá, Aloha!
Redação | Vision Surf
Texto: Marcos Aurélio Chagas
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