Entrevista: Gabriel Klaussner - Um dos grandes protagonistas da nova geração.

Por: Marcos Aurélio Chagas.

Gabriel Klaussner é um dos surfistas mais completos da nova geração, com o surfe perfeitamente adaptável a qualquer condição, o ubatubense é um daqueles sufistas que mesmo sob pressão consegue disfarçar suas emoções, na verdade, na minha percepção, ele tem a engenhosa capacidade de transforma-la em combustível, o que demostra um autoconhecimento que você vê em poucas pessoas aos 17 anos.

Competitivo ao extremo e com uma carreira promissora pela frente, Gabriel Klaussner é um dos nomes mais sólidos de sua geração para dar continuidade ao protagonismo conquistado pela geração Brazilian Storm, mas até lá o caminho é longo.

Conheça nessa entrevista um pouco mais de uma das grandes promessas do surfe brasileiro.

Gabriel, qual foi o primeiro campeonato que você disputou e como você se saiu?

Meu primeiro campeonato foi o Ubatuba Pro Surf, na Praia Grande, que é o lugar que eu mais surfo em Ubatuba, eu era tão pequeno que mal conseguia remar, então acabei perdendo de cara.

Você é ubatubense e foi surfista do Instituto Gabriel Medina, qual foi o caminho para chegar lá?

Eu sou caiçara nascido em Ubatuba, eu fui campeão invicto do Circuito Gabriel Medina no primeiro ano, no segundo ano eles estavam recrutando pro Instituto e eu fui bem novamente, ai eles me convidaram.

Na sua estadia por lá você chegou a ter contato com o tricampeão?

O Gabriel não parava muito tempo em Maresias, mas sempre que ele estava por lá ele dava uma atenção, ia treinar com a gente, sempre que ele podia ele ia na academia, ele servia como inspiração.

Quando você descobriu que seu nível de surfe era bom o suficiente para disputar competições como o QS?

Minha convivência com Filipe Toledo que é daqui de Ubatuba, o tempo que eu passei em Maresias perto do Gabriel, do Samuel e do Miguel Pupo, que são grandes nomes do surfe mundial, me fez amadurecer, eu vinha admirando o surfe deles e tentando evoluir ao máximo, quando eu senti que estava pronto eu comecei a competir as etapas do WQS, as três primeiras foram bem difíceis, a transição do julgamento e todo o resto, mas daí em diante já vieram os bons resultados, agora estamos ai na disputa para competir o Challenger do ano que vem.

Esse ano você venceu baterias dificílimas, muitas vezes virando na última onda, contudo, em Maceió, você viu o perigosíssimo Alan Jhones surfar a última onda, já estando na areia, apesar de chagar perto da nota, Alan não virou, na entrevista você disse adorar essa adrenalina. A pressão te alimenta?

Cara, competir com grandes nomes do surfe brasileiro e mundial como ex-atletas do WCT, inclusive o Adriano de Souza que é campeão mundial, isso me dá um gás, é bem legal ver e competir contra esses caras. A Virada em Maceió foi especial, eu admiro muito o Alan Jhones, virar assim na última, ou ter esse aperto até o fim da bateria é uma instigação a mais, o importante é nunca desistir, eu levo isso bem a sério e vem dando certo.

O Ryan Kainalo é outra grande promessa de sua geração, ele é de Ubatuba, sua cidade, você acha que essa proximidade serve para elevar o nível de vocês?

O Ryan é um grande amigo meu, a gente sempre teve uma rivalidade, desde bem novo, mas atualmente a gente não surfa muito junto, a gente se vê mais em campeonato, apesar de morar na mesma cidade, mas o Ryan serve de inspiração sim, ele é um cara que eu admiro e se Deus quiser a gente vai chegar na elite do surfe mundial juntos.

Você chegou na etapa de Ubatuba na vice liderança do Circuito Banco do Brasil, surfar na frente de amigos e da família foi um fator decisivo para a conquista de seu primeiro título profissional?

Pô eu tava pressionado, vinha em segundo no ranking e eu tinha acabado de voltar de um resultado excelente nas perigosas ondas de El Gringo, em Arica, no Chile, então eu cheguei focado, pensando em fazer meu trabalho, surfar na frente da família e amigos foi algo muito especial, eu fiquei amarradão, foi meu primeiro título profissional e foi pela WSL, eu fiquei muito feliz pelo fato de meu primeiro troféu ser da WSL e já vir escrito Campeão, não existe sentimento melhor

Com a vitória no Circuito Banco do Brasil você ganhou a vaga para disputar seu primeiro Challenger, em Saquarema, existe uma meta definida para essa competição?

O Challenger é um nível absurdo, eu estou bem focado, eu quero muito chegar lá e mostrar meu surfe, eu sei que vai ter muitas pessoas assistindo e eu quero mostrar um pouco do que eu sei, minha meta é chegar lá, me divertir e fazer o que eu mais amo.

Dos seis títulos mundiais do Brasil, cinco saíram do litoral paulista, o ultimo de Ubatuba, obviamente isso gera expectativas sobre as futuras gerações, como você lida com isso? É possível absorver essa pressão e transformar em benefício próprio?

Então, mesmo com esses cinco títulos que vieram do litoral norte, eu acho que a pressão ainda não caiu em cima de mim nem de ninguém de minha idade, a pressão está toda no Samuel que já está lá, mas eu admiro muito eles, e o último título, bem, ele saiu daqui de Ubatuba, eu só quero seguir os passos e ser o próximo.

Quem são suas referências no surfe?

Minhas referências no surfe são os últimos campeões mundiais do Brasil, o Filipe principalmente, o Gabriel que foi três vezes campeão mundial, o Adriano com toda a garra, a técnica e as táticas dele em baterias, eu também gosto de assistir o Ethan Ewing com o surfe de borda, Mateus Herdy nos aéreos, ele tem muita técnica, e também gosto de assistir filmes de free surfers, eu assisto bastante filme, essas são minhas inspirações.

Como Gabriel Kalussner enxerga Gabriel Klaussner daqui a cinco anos?

Daqui há cinco anos eu me enxergo com muito mais experiência, muito mais maduro, mais forte, já me enxergo dentro do WCT, que é minha meta, e, quando eu entrar no WCT minha meta será buscar o título, ser campeão mundial.

A Vision agradece a Gabriel Klaussner pelo bate papo descontraído e ao Fábio Souza, pai do Gabriel, pela disponibilidade de sempre.