Terminou hoje o Billabong Lay Back Pro, evento de QS 3000 para os homes e QS 1000 para as meninas, valido para o ranking do WSL Latin América, na praia Mole em Florianópolis.
A competição aconteceu em sua grande parte com boas ondas, embora em alguns momentos o mar estivesse meio bagunçado, as condições não tiraram o brilho dos surfistas que faziam grandes apresentações.
A primeira etapa de QS no Brasil desde o início da pandemia trouxe surfistas de diversas nacionalidades, grandes promessas, atletas consagrados que estão ou já estiveram na elite e até um campeão mundial, a interação na água e também nos bastidores entre as gerações certamente é um capitulo a parte de amadurecimento para os mais jovens.
Promessas como o havaiano Jackson Dorian e a inglesa Sky Brown perderam logo em suas primeiras baterias, costumamos ver esses nomes dando show de manobras acrobáticas em suas redes, sobretudo nas piscinas, no mar com ondas mais pesadas eles ainda precisam evoluir para se torarem competitivos, mas isso não deve ser um problema ao menos para o Jackson, que mora no Havaí e tem em casa o olhar clinico de seu pai, Shane Dorian.
O veterano Raoni Monteiro passou seis fases até perder de pé para o campeão do evento nas quartas de final, Raoni continua surfando em alto nível, com elegância e muita força nas manobras. Adriano de Souza parecia buscar trazer motivação para a garotada e ser aquela referência para troca de conhecimentos, afinal não é todo dia que se encontra um campeão mundial em competições, na água ele estava relaxadão, sem o conhecido sangue nos olhos Mineiro parou em sua primeira bateria, mais importante do que passar foi sua presença no evento, uma inspiração para a nova geração.
No dia Final, mesmo com o mar atravessado os sobreviventes mostraram que o surfe estava no pé, todos surfaram sempre em alto nível, inclusive o nome menos conhecido entre eles, José Neto.
Yago Dora surfou com seu já conhecido approach voltado para a progressividade, mesmo quando aplicava o bom base lip ele deixava um rastro de progressividade no caminho, sempre usando a rabeta. Yago liderou em sua semifinal a maior parte do tempo, até Eduardo Motta começar a mudar a história ao arrancar um 6.77 com uma única paulada de back, depois ele melhorou ainda mais, fazendo 6.83 com uma onda de três manobras, virando para cima de Yago, avançando como primeiro finalista.
Na segunda semifinal, Michel Rodrigues passou sem muita surpresa por Willian Cardoso, Panda fez a melhor nota da bateria com seu power surf mas não encontrou a backup wave que poderia garantir seu avanço. Ficou claro nessas duas baterias de semifinal que o critério de julgamento estava valorizando bem mais o conjunto de grandes manobras ou até mesmo uma única grande manobra, do que o combo de progressividade e manobras menos críticas, o mar estava pesado e exigia manobras fortes.
Antes de ir para a final da categoria masculina é preciso passar pela final feminina, a pequena Laura Raupp venceu com propriedade a peruana Melanie Giunta, Laura remou e se jogou nas maiores ondas do confronto, ela atacou o lip de uma onda emburacada com quase o dobro do seu tamanho, mesmo não tendo voltado a garota mostrou que mar pesado é sua zona de conforto, com apenas 15 anos Laura venceu logo em sua primeira disputa de QS, guardem esse nome, é certo, em um tempo curto ela estará na elite. Parabéns Laura, venceu com muito surfe no pé e atitude, a receita que faz grandes campeões.
Na final masculina entrou na água os dois melhores representantes de abordagens diferentes de surfe, Eduardo Motta com seu power surf e Michael Rodrigues com sua irreverencia progressiva. Importante, Michael fez o maior somatório da competição, fez também a melhor nota do evento em um combo de progressividade com grandes manobras, além disso Michael passou todas as suas baterias em primeiro, combinação que para esse colunista lhe coloca como o melhor surfista ao longo da competição, contudo, na final Eduardo Motta não tomou conhecimento desse histórico, assim como nas baterias anteriores o surfista do Guarujá reverteu a bateria final já nos dez minutos finais, usando toda a potência de seu back side, soltando pauladas animais, fazendo de suas quilhas verdadeiras navalhas afiadas, jogando muita água e deixando Micheal precisando de 6.24. Como um campeão também precisa ter sorte, no minuto final, de posse da prioridade, Eduardo Motta remou na mesma onda que Michel Rodrigues, o cearense encaixou Eduardo não, sentado na prancha Motta viu Michael adiantar, adiantar, voar e cair, sem tempo para pegar mais nenhuma onda, Michael ouviu a sirene tocar e Eduardo Mota vencer a competição. Parabéns Eduardo Motta, hoje foi seu dia, campeão indiscutível, quanto a isso não há espaço para a menor subjetividade, parabéns também ao Michael, mostrou um altíssimo nível de surfe durante toda a competição. Amanhã abre-se a janela do Saquarema Surf Festival, nos vemos lá.
Aloha!
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