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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Julian se retira, John John para novamente, Gabriel é parado e Ítalo faz história em Tóquio!

Atualizado: 1 de ago. de 2021



Há exatos 08 dias, depois de 45 anos como esporte profissional o surfe entrava em uma nova esfera, esportiva e de visibilidade, o esporte dos deuses estreava como esporte olímpico, realizando o sonho do pai do surfe moderno, Duke Kahanamoku. Em 1912, Duke vencia uma prova de natação na olimpíada de Estocolmo, no pódio, ao receber a medalha de ouro ele expressou seu sonho de um dia ver o surfe nas olimpíadas, 109 anos depois, o sonho de Duke virou realidade.

Eu não saberia dizer em quantos países do mundo o surfe era praticado em 1912, mas com a chegada da IPS em 1975, criada por Randy Rarick e Fred Hemmings, as competições começaram a surgir no Havaí, Austrália e África do Sul, com isso o esporte foi se popularizando pelo mundo, contudo, isso não refletia em sucesso competitivo de outras nações. Por 38 anos, Havaianos, Americanos e Australianos dominaram o surfe, até surgir um moleque que impregna o line up mais que qualquer outro, e, em 2014 se tornar o primeiro surfista da história a ser campeão mundial sem ter o inglês como língua mãe, esse moleque era brasileiro e falava português.

A virada de mesa de 2014 impulsionou toda uma geração e tornou o Brasil a maior potência do surfe mundial, e, com essa certeza estreamos na olimpíada de Tóquio com um único objetivo, o inédito ouro olímpico.


Ítalo virando história em Tóquio.

A sirene tocou em Tsurigasaki e Ítalo Ferreira surfou a primeira onda olímpica, para os mais supersticiosos um sinal de que o ouro estaria por vir, superstições à parte, Ítalo não deu chances a ninguém desde a primeira rodada, nas fases eliminatórias passou facilmente por Billy Stairmand e Hiroto Ohhara, na semifinal ele fez seu confronto mais difícil contra Owen Wright, até massacrar o inerte “japonês” Kanoa Igarashi na final, o japonês parecia já estar satisfeito com sua classificação, Kanoa não surfou absolutamente nada, parecia constrangido em estar ali, talvez pelo fato de saber que ali não seria realmente o seu lugar, Ítalo marcou 15.14 pontos contra irrisórios 6,60 do Ígarashi. O Brasileiro fez história ao se tornar o primeiro surfista campeão olímpico, Ítalo foi confiante, foi determinado, foi grande, foi demais, obrigado champ.


Já Gabriel Medina fez história por outro motivo, depois de vencer Julian Wilson e Michel Bourez, na bateria onde ele fez seu melhor surfe, o brasileiro acabou virando a primeira vítima do “julgamento olímpico”.

Surf é um esporte subjetivo? Sim, é! Mas nenhum surfista em 45 anos de profissionalização, foi tantas vezes parado pela maior entidade do surfe, a tal subjetividade, como Gabriel Medina foi e continua sendo.


Na bateria contra Kanoa Igarashi, que tirou de Gabriel e de nós brasileiros uma final 100% brasileira, Medina aplicou dois aéreos de back em ondas maiores e mais pesadas do que a do Kanoa, voando bem mais alto, com mais amplitude, sem grab, com a prancha em movimento vertical, colocando a rabeta nas alturas com rotação completa, voltou em pé, no seu centro de gravidade normal, levando dos juízes duas notas na casa dos 8.00 pontos. Kanoa fez um aéreo de front, em uma onda menor, mais para o inside com a prancha girando em movimento horizontal, usando o recurso do grab para não deixar o equipamento fugir e ainda voltou agachado, nessa onda Kanoa recebeu 9.33. Ai você pergunta, Foi roubo? A resposta é Não! Foi só mais do mesmo que acontece com Gabriel Medina desde que ele entrou na elite do surfe mundial em 2011, dessa vez, em ambiente olímpico.

Vimos a medalhista Rebeca Andrade, prata na ginastica receber 13.566 pontos na trave, mas a comissão técnica da delegação entrou com um recurso para revisão da nota, o COI acatou o pedido e os juízes revisaram. Alguém sabe dizer onde estava a comissão técnica da CBSurf que não firmou sua posição protestando sobre essa bateria entre Medina e Igarashi? Eu lhes digo, a CBSurf não tem uma comissão técnica, não tinha em Tóquio, não tem no Brasil, a CBSurf não se posicionou junto ao COI, tão pouco ao COB, a única preocupação da entidade é tentar salvar o pescoço de seu presidente na justiça, em virtude de uma eleição fraudada, presidente aliás, de mandato vencido desde 31 de dezembro de 2020.

A “derrota” de Gabriel e a vitória de Ítalo tirou do armário alguns oportunistas, um jornalista doente e mal caráter e uma empresária decadente tentaram colar a imagem de nossos surfistas olímpicos a políticos, colocaram até declaração inexistente de Ítalo no New York Times. Cuidado com o que você lê, compartilha ou divulga, vivemos em uma era de oportunistas que tentam se projetar tentando denegrir a imagem de pessoas sérias, dessa vez, Gabriel e Ítalo foram as vítimas.

Aos 27 anos a sul africana Bianca Buitendag, medalha de prata em Tóquio, anunciou em seu Facebook que a disputa pela medalha olímpica marcou o fim do de um capitulo fenomenal em sua vida, as competições. Ela diz que depois da morte de seu pai as ambições de sua vida mudaram drasticamente, Bianca se aposenta oferecendo a medalha à sua mãe e a todos aqueles que lutam pelas vitorias diárias que ninguém vê. Maduro, significativo e também enigmático, boa sorte a Bianca.


Respeito e Reciprocidade.

Depois de 10 temporadas na elite proporcionando grandes duelos, Gabriel Medina venceu pela última vez o maior rival de sua carreira, o australiano Julian Wilson, dessa vez em um confronto olímpico. Ao contrário de Buitendag, Julian já havia anunciado que a olimpíada seria sua última competição, depois da bateria, em uma demonstração de respeito mútuo, os dois trocaram pranchas e rasgaram elogios um ao outro, em suas redes Julian escreveu: “Obrigado por me empurrar para encontrar o melhor do meu melhor em toda minha careira no World Tour. Respeito enorme por ti, pela sua família e pela sua contribuição para o surf no mais alto nível. Boa sorte para você meu amigo. Obrigado pelas memorias. ” Gabriel Respondeu: “Obrigado pela prancha irmão, significa muito para mim. Se não fosse por nossas batalhas, eu não seria quem sou hoje, você sempre me empurrou e inspirou, obrigado pelos bons momentos companheiro. ” Confesso que achei uma atitude digna da história dos caras, confesso também que sentirei falta das batalhas sempre eletrizantes ente Gabriel e Julian, continuo confessando, gostaria de ter visto Julian Wilson se aposentar com um título mundial para chamar de seu, Julian é um surfista completo, um dos melhores que o surfe conheceu em 45 anos de surfe profissional.


Após a derrota para Kolohe Andino, que voltou surfando melhor do que quando parou, John John Florence deu uma entrevista considerando a possibilidade de não competir no México e em Teahupoo. Ontem, menos de uma semana da estreia do surfe em Tóquio, ele confirmou em seu Instagram que não vai competir as duas últimas etapas do tour, o havaiano informa que não está totalmente recuperado, John John disse que surfar em Tóquio (Olimpíadas) é algo que acontece uma vez na vida e ele estava disposto a correr o risco, mas que agora vai pensar a longo prazo e fazer fisioterapias para voltar 100% em Pipeline. Os fãs de Kelly não devem ter ficado felizes com essa notícia.


Voltando ao assunto Gabriel e Kanoa, o japonês recebeu uma enxurrada de ofensas tupiniquins em suas redes sociais ao postar sua medalha, discurso de ódio, xenofobia e teorias conspiratórias brotaram nos perfis de Kanoa, depois de ser execrado, Kanoa respondeu de maneira infantil e infeliz, o que só piorou a situação, dobrando o número de haters que destilavam seu ódio, contudo, na direção errada.

Kanoa Igarashi foi o responsável pelo aéreo que desclassificou Medina, ele fez o seu melhor, qualquer um faria, mas ele não foi o responsável pela nota equivocada que recebeu, isso não, se existe culpados por essa lambança, Kanoa não é um deles.


Instagram WSL

A WSL já está divulgando a etapa do México, na campanha ela ignorou a imagem de Gabriel Medina, líder isolado do circuito, a entidade usa a imagem dos surfistas que subiram no pódio em Tóquio, com a olimpíada o surfe entra em um novo patamar de negociação de patrocínios, é melhor ter a imagem de Kanoa, afinal o Japão é a 3ª maior economia do mundo, do que a imagem do líder. Talvez seja melhor para os negócios, mas definitivamente, ignorar a imagem de SEU LÍDER ISOLADO, é um desserviço ao surfe.


Essa foi a semana do surfe, derrotas amargas e doces vitórias fizeram parte do cotidiano na estreia olímpica, Ítalo Ferreira fez história ao ser o primeiro campeão olímpico de surfe, Carissa Moore também, John John competiu lesionado, Julian e Buitendag se retiraram, Gabriel mais uma vez foi vítima da entidade máxima do surfe, aquela que explica qualquer aberração, tal SUBJETIVIDADE. E nós? Bem, nós assistimos a história sendo construída, uma história de injustiça para uns e de felicidade para outros, mas quando se trata de fazer história no surfe, o Brasil é o grande protagonista, e mesmo que a subjetividade entre em jogo, nós vencemos, foi assim na olimpíada, será assim no título mundial.

Aloha!



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